segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Porquinho da Índia

 Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.

Que dor de coração eu tinha

Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não se importava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada
(Manuel Bandeira)
Eu também tenho meu porquinho. Dá trabalho assim mesmo pro coração. :)

domingo, 6 de outubro de 2013

Cá estou eu nos vinte e poucos. Esses dias faço vinte e quatro. A intenção aqui não é dramatizar idade ou ser nostálgica, mas não dá pra pensar que há pouco eu estava ainda me acostumando com a saída da adolescência, a entrar numa faculdade e ter o mínimo de responsabilidade. Eu era quase-adulta aos dezoito. Hoje, segundo estudos psicológicos, sou adulta completa. Mas como, se ainda me sinto uma espécie de quase-tudo-quase-nada que tornam tudo bem menos compreensível que quando tinha aquela idade? Lá as minhas poucas certezas eram tudo o que havia. Hoje vivo mergulhada em dúvidas e cada vez menos preparada para o que vem pela frente.
E o que é que vem pela frente? A gente encaminha tudo, planeja e traça metas porque todos dizem que ”quando chegar lá”, a vida vai lhe cobrar. Quando e o que cobrar? Eu queria que fosse somente minha paz de espírito, que me obrigassem a me sentir bem, a ter um amor, a cuidar de quem amo, a realizar meus sonhos. Sempre achei que era isso mesmo.
Mas nada. O que se quer é que eu apenas pareça isso tudo, ainda que eu não seja realmente. A palavra é “satisfação”. E não é no sentido de ter prazer, mas no de ter que dar explicações do que faz e deixa de fazer. Daí você quer revolucionar, anarquizar, pirar e viver do seu jeito sem dar satisfação pra ninguém porque você não acha que ser-alguém é o que os outros querem de você, mas o que você quis mesmo, o que você construiu. E é o certo, você sabe que não pensa errado. Mas para, tranquiliza, vê que já entrou no sistema e o que lhe faz bem, por ora, é continuar mesmo, é passar pelo que não acredita para chegar no que mais deseja, ainda que nem todos confiem que você consiga, ainda que haja outros que acreditam tanto ao pondo de você sentir um medo danado de não alcançar a expectativa. E expectativa era outra coisa que eu queria falar, mas deixa pra outra hora.
O que eu tenho hoje é bem menos que as certezas dos meus dezoito e bem mais que as responsabilidades daquele tempo. Viver no quase é um tanto angustiante para quem tem a pressa dos que não querem muito, só o que lhe traz o bem. E o que eu queria dizer mesmo hoje são palavras do Guimarães Rosa, lidas há tanto tempo, mas que ecoam na minha vida como um mantra desde a primeira vez, dando significado às minhas preocupações juvenis, às expectativas de construir o todo-dia:
"Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente pra fazer tantos atos, dar corpo ao suceder. O que induz a gente para mais ações estranhas, é que a gente está pertinho do que é nosso, por direito, e não sabe, não sabe, não sabe!"

Um vinte e quatro feliz para mim, do meu jeito, com as minhas dores e imprecisões, com meus ganhos e minhas perdas.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dentro toca música quase o tempo todo e as letras das canções fazem mais sentido. Poesia, rima e ritmo se unem. Os fios de cabelo passam a gostar mais do carinho das mãos e a rápida ausência tem um gosto estranhamente bom. É querer eternizar o sorriso e o cheiro... É a vontade de prolongar os abraços, beijos e amassos. São bons ventos soprando, é a alegria acariciando, é o complicado sendo deixado para depois. O Sol acende junto à risada e seguir em frente é mais instigante, porque "agora eu não sou só eu só".

Começos. Desejos, planejamentos, expectativas... Voltando aos antigos ambientes para novos e intensos aprendizados. Querendo e pedindo um semestre de boas ideias, parcerias e partilhas. Nada é tão novo assim... A sede de saber e entender mais das letras que compõem esse extenso livro que nos faz mais e melhores a cada dia é a mesma desde o princípio. E a percepção de que quanto mais nos aprofundamos menos sabemos, também se repete. O que não nos frustra, pelo contrário. Fonemas, morfemas, poesias, normas cultas, linguagem, análises de texto e discurso... tudo isso é soma ao que somos. E somar ao que havia antes é o que nos leva ao amadurecimento. Não só intelectual... cotidianamente, somos modificados pelo que une o aprendizado à força que nos motivou chegar até aqui. Hoje eu sou resultado do que vivo nas Letras. E é bom sentir-se feliz pelas escolhas feitas na vida.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A vida tem me mostrado uma sabedoria que eu não sei decifrar, mas tenho tentado respeitar por meio da minha fé. Algumas vezes, a ventania insiste em bagunçar o que eu tinha organizado com o máximo de carinho dentro de mim. E por mais que isso me assuste ou frustre, o tempo vai passando e aprendo que a desorganização me faz olhar com mais calma os detalhes que antes passavam desapercebidos. Apesar de eu me deixar levar pela enganosa primeira impressão de que isso me veio subtrair, eu sei que cada momento, no seu tempo e do seu modo, veio somar para formar o que sou agora. O que a gente precisa é saber encontrar os espaços, mesmo no pior dos apertos. Tem que deixar de ser sobrevivente para viver grande e bonito, não subjulgados e sob o olhar de crenças alheias. Porque a gente sabe que é gostoso ter uma surpresa naquele dia mais rotineiro. O quanto é bom continuar à procura do verso mais bonito para dedicar, da canção que faz lembrar, de um par para dançar, de alguém pra sorrir quando acordar... No fim, todo mundo deseja um amor tranquilo e quentinho, um descanso para o tão complicado mundo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: 'Se eu fosse você...' A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.
(Rubem Alves)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O tom, o som, o dom. Letra e melodia. Identificação e emoção. Tudo isso me faz estar a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor.


"Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós"